quinta-feira, 18 de setembro de 2014

"Eu tenho ideias próprias!"

Essa frase me dói na cabeça quando alguém diz, é o meu preconceito secreto (acho que agora não é mais secreto, tenho que parar de fofocar). Tem gente que para de falar com alguém quando ouve um erro de português, quando descobre o time que a pessoa torce ou quando descobre em quem ela vai votar. Eu não tenho esses preconceitos, os meus são outros, tão ruins quanto, hoje quero expor um em específico.



A pessoa se altera numa discussão/debate qualquer e já meio arrogante solta que não é manipulada e que tem ideias próprias. Pronto, é o suficiente para minha total desmotivação em dialogar com essa pessoa. Não me gera ódio eterno nem nada disso, só desânimo mesmo e uma preguiça social muito grande.

Pra você ter ideias próprias e não ser influenciado por ninguém teria que fazer duas coisas:

1) Ser o primeiro de uma espécie com DNA 100% novo, não inspirado em nenhum forma de vida anterior para que não haja nenhuma informação instintiva do passado.
2) Ser o único dessa espécie, de forma que não tenha vínculo social com nenhum semelhante para que não haja nenhum tipo de influência ou doutrinação.

Se você é este ser parabéns, é possível que consiga ter ideias próprias. Do contrário, bem vindo ao clube dos propagadores e adaptadores de ideias. Há quem acredite que por ser ateu não sofre nenhuma influencia ideológica das religiões mas não consegue responder porque fala baixo em cemitério, mesmo vazio. Ainda que nunca tenha pisado numa igreja a influência de milênios está ali, firme e forte.

O pensamento sobre a homossexualidade masculina vir através de pai ausente e mãe dominadora é replicado hoje por todo tipo de gente, até por quem não faz ideia de quem seja Freud e o mais legal vai afirmar que pensou isso sozinho.

Há quem nunca ouviu falar em Platão e não vai admitir que é influenciado por ele e não conseguiremos argumentar toda influencia no pensamento ocidental que esse cara gerou. O cidadão coloca o feijão por cima do arroz, não consegue de jeito nenhum fazer o contrário e me diz que tem ideias próprias. Depois da rodada do brasileirão todos estão fazendo as mesmas críticas sobre os jogos crendo que têm ideias próprias.


Mas e os grandes pensadores, inventores, desbravadores? São bons observadores, aliás ótimos. Maquiavel, por exemplo, eternizado pela obra O Príncipe já na introdução se entrega dizendo que aquele presente era fruto de anos de observação dos fatos. As ideias caem quando observadores com mais recursos percebem outras verdades e assim caminha, supera-se Freud, Sócrates, Maquiavel etc.

Agora me fala qual a chance de uma pessoa conectada à interwebs o dia todo, ligada à TV no horário nobre, lendo as revistas de grande circulação ter uma ideia própria? Tudo vem de algum lugar, as invenções surgem de alguma carência observada somada a soluções já existentes, o cara fica rico quando implementa da forma mais comercial por conhecimento prévio.

Não vejo problema em dizer "tive uma ideia" ou em fazer brainstorms atrás de novidades, não é esse o ponto, até porque eu adoro brainstorm. Minha implicância, o preconceito em pauta, está em torno da presunção quando manifesta na incapacidade de admitir ser parte de um todo muito maior que si próprio. Ser incapaz de reconhecer dogmas e preconceitos que herdou de alguém ou de milênios de propagação de um pensamento. A humanidade não é tão especial assim, muito menos genial, imagina o indivíduo!!!


terça-feira, 9 de setembro de 2014

Carne! #coisalindadedeus

Carne é um trem bão demais da conta. Churrascarias são um paraíso que eu chamaria de céu se o rodízio fosse grátis. Mas porque comer 'uzanimais'? (Vaca é uzanimais, cachorro é uzanimais...) 



Desculpem-me eu não tenho pena e nem consciência em relação às outras espécies do planeta. O que eu tenho é um medo profundo de que a pecuária destrua toda a terra fértil e também contribua bastante para o uso desequilibrado de nossa água potável. Esse medo de bagunçar o ecossistema é que me faz refletir em diminuir a quantidade de carne que eu como. Mas compaixão mesmo não tenho. "Então você é a favor dos rodeios e dos maus tratos?" Não mesmo, minha mãe me ensinou que não se deve brincar com a comida, então rodeios, rinhas e afins não têm o menor sentido. 

Eu desde 2012, quando passei a morar sozinho, comecei a mudar bastante minha alimentação, equilibrei mais, comi mais verduras, percebi que não tinha a menor necessidade de comer um quilo de comida no almoço, parei com refrigerantes, diminuí drasticamente a quantidade de sal e açúcar na minha alimentação etc. Mas reduzir a carne estava bem difícil. Além da minha vontade de parar de contribuir com destruição do planeta eu também já estava me tocando que carne vermelha todo dia não é uma coisa muito saudável. 

Fiz um amigo vegetariano e as conversas são boas e esclarecedoras, mas não chegam ao ponto de me fazer reduzir as porções. Até que uma dia a empresa em que trabalho resolve realizar aqueles exames pra saber se os funcionários estão morrendo. Daí eu resolvo ler o exame antes de entregar e vejo lá a bendita taxa de triglicérides. Acho que entre as milhares de religiões existente minha dúvida sobre qual estaria certa acabou, os hindus sempre souberam a verdade "não comam as vacas, ou arquem com as consequências". Claro que não é somente a carne vermelha gordurosa, mas também os doces, massas e mais uma lista infinita de coisas que contribuem para meu atual estado alarmante. Não preciso ficar recorrendo a lista pra saber se posso ou não comer, o macete é: olhou, salivou, bate a tristeza e já desvio o olhar, só posso comer aquilo que ninguém quer. 


Uma coisa que me irritou foi que nem pude comer minha torta de aniversário ou sequer fazer um brinde. Enfim o item 8 da lista vai acontecer, na verdade já está acontecendo, de forma abrupta. O que mais me chateia é que esse troço de triglicérides sempre soou na minha cabeça como coisa de velho, tipo, acabei de fazer 29, sou uma criança ainda, isso não é justo...