segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

Chespirito :(

Não precisa ser fã de Chaves pra entender a dimensão do que aconteceu, pra entender a comoção latina dos últimos dias. Pra compreender basta ter tido uma boa infância. Nesse primeiro estágio da vida tudo tem significado diferente, tudo é meio fantasioso e tudo parece ser bem maior do que realmente é.


Um sorvete que você tomava sempre que saia com os primos tem um sabor de melhor sorvete do mundo por conta de todo o contexto. Mesmo que depois de adulto você perceba que era só gelo e açúcar aquilo ainda te gera bons sentimentos e uma nostalgia incrível. Dificilmente você vai conseguir convencer outras pessoas que aquele sorvete é bom, mas o contrário também vale, ninguém conseguirá te persuadir a deixar de gostar daquele sabor.

Em uma das primeiras visitas de Edgar Vilar (o Seu Barriga) ao Brasil, Jackeline Petkovic, apresentadora dos programas infantis do SBT, o conheceu,. Lembro de ter me emocionado junto com ela nesse encontro, e é mais ou menos isso que acontece quando sua infância ressurge na sua frente. 




Mas Chaves era bem mais que gelo com açúcar, Chaves era uma história que conseguiu unir culturalmente todos os latinos, nenhuma música, novela, artista conseguiu algo semelhante por tanto tempo. O programa falou de pobreza, miséria, solidariedade e fez rir por décadas, pago pra ver um fenômeno parecido nos acometer novamente.

Lembro do último episódio de Chapolin em que os atores se despediam do público, e Bolaños (Chaves/Chapolin) fez questão de frisar o orgulho que tinha de ter ficado no ar tanto tempo sem fazer nenhuma piada racista, já alguns se orgulham da época em que os Trapalhões menosprezavam o Mussum em algumas piadas e ficava tudo bem.

Bom, pra mim foi um golpe sim, fiquei muito triste, a sensação é sim de uma parte das minhas memórias se esvaindo, morrendo junto com ele. Não escondo minha gratidão ao programa e já até registrei aqui minha saga para ver o Kiko de perto (se não leu ainda pode conferir clicando AQUI). Foi massa, desejo que mais infâncias estejam sendo construídas de forma que gelo e açúcar sempre supere um Haagen-Dazs.

terça-feira, 4 de novembro de 2014

Entrevista - Roda Quadrada

Galera, foi um dia muito divertido esse aí. Fui entrevistado pelo pessoal do Roda Quadrada, um canal goiano do Youtube especializado em cultura pop e outras coisas. O assunto foi o cubo mágico e o imbecil aqui esqueceu de levar um cubo normal. Já me agredi na cabeça por isso podem ficar tranquilos.

Falo um pouco do sonho que um dia coloquei na lista que irá se realizar em 2015, envolve um campeonato mundial de cubo mágico hehe. Enfim, foi lindo, gostei muito. Vai aquele muito obrigado ao pessoal do Roda Quadrada.

Curiosidade: Marelo, o cara que me fez o convite da entrevista é o mesmo que eu trolei com a história do blog. Parece que ele não me odeia.

Recado pra um dos meus 3 leitores: Brosig, essa camiseta foi minha homenagem pra você.





Quem quiser aprender, segue o tutorial que produzimos no portal Hobbz com o Gabriel Dechichi, o recordista brasileiro citado na entrevista.




segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Fim das eleições!


Na virada do ano escrevi sobre minhas percepções sobre a polarização e sobre o maniqueísmo que dominava o grande fórum do debate nacional, o boteco. Ali percebia que minha ilusão quanto às mudanças que o Brasil veria era fruto de uma imaturidade e até mesmo de uma arrogância minha. Acreditar que 500 de comportamento seriam mudados em um mês, o fatídico junho de 2013, era além de surreal, era tolo pois partia do pressuposto que eu saberia exatamente as respostas para um país melhor. 

Houve um sacode no brasileiro, a galera está sim se interessando mais e lendo mais, isso é bom é excelente. Vi infinitas publicações do gênero "o que adianta ir as ruas e votar em X" e X sempre era o candidato odiado de quem publicava. Muito provavelmente porque junho de 2013 foi apropriado por gritos menores já no seu final, gritos de 'fora' e de 'impeachment'. O que todos ali sonhavam era com algum tipo de reforma profunda que independia do partido, vide as pressões que foram feitas sobre fim do foro privilegiado, fim do voto secreto no congresso, investimentos na educação, redução da quantidade de parlamentares etc. Era muito comum ouvir esses gritos de ordem nas ruas e achar grupos nas redes sociais debatendo esses temas. Curtia ler e assistir a entrevistas do FHC no período que ele tentava dizer justamente isso que não se tratava de um movimento político, infelizmente muitos interpretaram os protestos como anti-político que é outra coisa totalmente diferente e sem sentido.


Onde quero chegar com essa ladainha? Os protestos de maio e junho de 1968 com estopim na França e com alastro mundial também não deram em "nada", já que o governo francês contornou a situação, nos EUA a guerra do Vietnã não foi interrompida e no Brasil a ditadura não desapareceu. Mas muita gente séria que estudou e/ou viveu o período atribui muitos ganhos em direitos humanos que ocorreram em escala global ao movimento de 68. Cria-se um divisor de aguas e um divisor de pensamento. Torço para que esse seja o maior legado que o Brasil também vai ter de 2013.

Então essas eleições de 2014 entram pra história da quantidade de pessoas que se importaram, que leram a respeito e que debateram. Obviamente entra também pra história com a maior desfazedora de amizades, de argumentações rasas, de xingamentos sem sentido e do preconceito. Nessa sopa vejo um saldo positivo, pois estamos nos importando, queria muito que tivéssemos maturidade para continuar as conversas, o próximo caso de escândalo que acontecer vamos ter senso crítico de buscar justiça ou vamos abrandar por ser o nosso partido? Esse é um medo que tenho, da indignação seletiva, a mesma polarização que vive os EUA onde grande parte da população vive um disputa muito mais irracional que aqui e boa parte dos estados não mudam o voto (semelhanças?). Vejo que o Brasil é mais interessante e possui uma pluralidade partidária que dá mais opções e condições para os partidos se manterem. Gosto mais assim e espero que trilhemos outro caminho com mais diferenças e menos coincidências com os EUA. Vivo um cauteloso otimismo.

E o que eu fiz nessas eleições? Em quem votei?

Fiquei na minha, só observando. As poucas vezes que argumentei alguma coisa me chamaram de burro, esquerda caviar e analfabeto funcional coxinha. Parece impossível ser xingado dos dois lados, mas aconteceu, e com gente que estuda e muito, mas são tão fervorosos que nem ouvem só xingam. O resto do tempo fiz pouquíssimos comentários, quando fazia eram menos incisivos ou eram piadinhas inocentes, falei mais do Vila Nova do que dos candidatos (aliás, rebaixamento inevitável esse ano). Me recusei a votar nos dois turnos, não justifiquei nem nada. Simplesmente não quis. Não via razão par escolher um candidato que não vai conseguir governar e se conseguir é porque vendeu a alma pra alguém. Entre os 3 mais votados pra presidente todos foram patrocinados pelas mesmas corporações. Nos estados tanto GO quanto DF estavam ferrados com as opções. No legislativo eu tenho tantas ressalvas quanto ao modelo que adotamos, bicameral, mais de 500 deputados e sistema proporcional na eleições que não vi motivo pra participar disso. 

Resumindo, não acredito mais no poder do voto. Não acredito que jogar anjo no inferno faz o lugar melhorar, não acredito que colocar o melhor piloto da Fórmula 1 pra pilotar o Titanic faça alguma diferença, sabe nem dar a partida. Acredito numa reforma política independe do voto, que seja fruto de pressão popular. Exemplo pequeno rápido: projetos como o de transformar crime de corrupção em hediondo existiam há anos de vários partidos diferentes, em poucos dias foi votado quando a galera resolveu gritar, mas falta outro turno de votação que está parado até hoje, porque paramos de gritar. Ainda nos falta maturidade política, várias coisas ficaram esquecidas e não, não foi a copa.

Vou arcar com as consequências, que não são drásticas, da minha decisão de sequer justificar o voto, mas não estou arrependido. No primeiro turno se somarmos brancos, nulos e abstenções teremos um número mais expressivo que a votação do Aécio. Já no segundo fomos um total de 37 279 773. É gente demais que deixou de escolher um candidato. No Rio de Janeiro o não-voto ganhou as eleições ficando na frente do eleito Pezão, histórico. Tira-se uma boa meditação desses números.


Se for taxado de anarquista/golpista/guerrilheiro/coxinha/covarde/etc nem estou me importando tanto, nem reajo mais, simplesmente me calo e saio de cena. Mas nos bons debates estarei em todos, afinal é no boteco que o conhecimento se forma. E se em 2016 ou 2018 eu mudar de ideia, eu voto normalmente, parei com esses orgulhos de não mudar pra ter cara de sábio chinês da montanha cheio de verdades universais.


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

Empreendendo

Faz parte de tudo. Vejo poucas atividades que não tenha empreendedorismo envolvido. Se você é um apertador de parafusos estilo "Tempos Modernos" ainda assim vai empreender em algum momento em alguma situação.


Quer ser promovido a apertador de porca. Você vai precisar se preparar, estudar as porcas, aprender a negociar com os chefes, investigar qual deles é o tomador de decisão, planejar o melhor momento de pedir a promoção, organizar tudo isso e se monitorar para cumprir. Filho, isso é empreender. O mesmo para mudar de emprego ou para virar chefe.

E o cara que quer apertar parafuso o resto da vida? Um dia ele vai sair da casa da mãe, vai ter que economizar uma grana, procurar um lugar que consiga pagar, comprar novos móveis e fazer a mudança. Ou seja, gerenciar recursos, pesquisa de mercado, aquisição de passivo e execução de projeto. Isso é o que galera?

O cara vai casar, ter filhos ou fazer uma viagem, não importa, tudo é empreender. Porque então existe tanta resistência quando alguém diz na família "Quero ser empresário"? Eu até consigo dar um desconto para galera que é geração X ou babyboom, são de outra época onde carreira tinha outro significado e sua identidade estava atrelada ao seu emprego e não aos seus sonhos, opiniões ou talentos. Mas, me explica essa geração Y concurseira! Todo mundo agora tem talento pra empresa pública? Duvido muito, tem muita gente infeliz na esfera pública dizendo que estabilidade é tudo, aos que se identificam com a carreira tudo bem, não é desses que falo.



Enfim, a nossa criação atrapalha um pouco a cruzar essa ponte entre o assalariado e o autônomo/empresário, fica até um pouco mais difícil dar o primeiro passo. O tempo está chegando e minha missão em Brasília terminando. Vim pra bancar meus sonhos, se passaram dois anos, eu achava que seriam necessários três mas não serão. É muito gratificante planejar algo a longo prazo e ver isso acontecer, colher o que você plantou, clichê eu tô ligado. Algumas coisas deram certo antes do prazo e com ajuda dos amigos os planos se aceleraram, bom demais.

Mas se uma pessoa faz uma lista de coisas que quer fazer antes de morrer tem que planejar demais e ter um pouco de paciência. Se planejei ser empresário e voltar para Goiânia eu tinha que estar fazendo algo a respeito e não só falando no assunto para as pessoas. Não perdi o foco ao vir pra Brasília e nem comecei a estudar pro concurso do Senado, cujo salário é tentador, mas mantive a trilha, fiz os investimentos, trabalhei, fiz contatos etc. Estou feliz demais da conta. Rumo aos alvos. Vou concluir muitos itens dessa lista de coisas, nem vou precisar de duas vidas como eu pensava.



quinta-feira, 18 de setembro de 2014

"Eu tenho ideias próprias!"

Essa frase me dói na cabeça quando alguém diz, é o meu preconceito secreto (acho que agora não é mais secreto, tenho que parar de fofocar). Tem gente que para de falar com alguém quando ouve um erro de português, quando descobre o time que a pessoa torce ou quando descobre em quem ela vai votar. Eu não tenho esses preconceitos, os meus são outros, tão ruins quanto, hoje quero expor um em específico.



A pessoa se altera numa discussão/debate qualquer e já meio arrogante solta que não é manipulada e que tem ideias próprias. Pronto, é o suficiente para minha total desmotivação em dialogar com essa pessoa. Não me gera ódio eterno nem nada disso, só desânimo mesmo e uma preguiça social muito grande.

Pra você ter ideias próprias e não ser influenciado por ninguém teria que fazer duas coisas:

1) Ser o primeiro de uma espécie com DNA 100% novo, não inspirado em nenhum forma de vida anterior para que não haja nenhuma informação instintiva do passado.
2) Ser o único dessa espécie, de forma que não tenha vínculo social com nenhum semelhante para que não haja nenhum tipo de influência ou doutrinação.

Se você é este ser parabéns, é possível que consiga ter ideias próprias. Do contrário, bem vindo ao clube dos propagadores e adaptadores de ideias. Há quem acredite que por ser ateu não sofre nenhuma influencia ideológica das religiões mas não consegue responder porque fala baixo em cemitério, mesmo vazio. Ainda que nunca tenha pisado numa igreja a influência de milênios está ali, firme e forte.

O pensamento sobre a homossexualidade masculina vir através de pai ausente e mãe dominadora é replicado hoje por todo tipo de gente, até por quem não faz ideia de quem seja Freud e o mais legal vai afirmar que pensou isso sozinho.

Há quem nunca ouviu falar em Platão e não vai admitir que é influenciado por ele e não conseguiremos argumentar toda influencia no pensamento ocidental que esse cara gerou. O cidadão coloca o feijão por cima do arroz, não consegue de jeito nenhum fazer o contrário e me diz que tem ideias próprias. Depois da rodada do brasileirão todos estão fazendo as mesmas críticas sobre os jogos crendo que têm ideias próprias.


Mas e os grandes pensadores, inventores, desbravadores? São bons observadores, aliás ótimos. Maquiavel, por exemplo, eternizado pela obra O Príncipe já na introdução se entrega dizendo que aquele presente era fruto de anos de observação dos fatos. As ideias caem quando observadores com mais recursos percebem outras verdades e assim caminha, supera-se Freud, Sócrates, Maquiavel etc.

Agora me fala qual a chance de uma pessoa conectada à interwebs o dia todo, ligada à TV no horário nobre, lendo as revistas de grande circulação ter uma ideia própria? Tudo vem de algum lugar, as invenções surgem de alguma carência observada somada a soluções já existentes, o cara fica rico quando implementa da forma mais comercial por conhecimento prévio.

Não vejo problema em dizer "tive uma ideia" ou em fazer brainstorms atrás de novidades, não é esse o ponto, até porque eu adoro brainstorm. Minha implicância, o preconceito em pauta, está em torno da presunção quando manifesta na incapacidade de admitir ser parte de um todo muito maior que si próprio. Ser incapaz de reconhecer dogmas e preconceitos que herdou de alguém ou de milênios de propagação de um pensamento. A humanidade não é tão especial assim, muito menos genial, imagina o indivíduo!!!


terça-feira, 9 de setembro de 2014

Carne! #coisalindadedeus

Carne é um trem bão demais da conta. Churrascarias são um paraíso que eu chamaria de céu se o rodízio fosse grátis. Mas porque comer 'uzanimais'? (Vaca é uzanimais, cachorro é uzanimais...) 



Desculpem-me eu não tenho pena e nem consciência em relação às outras espécies do planeta. O que eu tenho é um medo profundo de que a pecuária destrua toda a terra fértil e também contribua bastante para o uso desequilibrado de nossa água potável. Esse medo de bagunçar o ecossistema é que me faz refletir em diminuir a quantidade de carne que eu como. Mas compaixão mesmo não tenho. "Então você é a favor dos rodeios e dos maus tratos?" Não mesmo, minha mãe me ensinou que não se deve brincar com a comida, então rodeios, rinhas e afins não têm o menor sentido. 

Eu desde 2012, quando passei a morar sozinho, comecei a mudar bastante minha alimentação, equilibrei mais, comi mais verduras, percebi que não tinha a menor necessidade de comer um quilo de comida no almoço, parei com refrigerantes, diminuí drasticamente a quantidade de sal e açúcar na minha alimentação etc. Mas reduzir a carne estava bem difícil. Além da minha vontade de parar de contribuir com destruição do planeta eu também já estava me tocando que carne vermelha todo dia não é uma coisa muito saudável. 

Fiz um amigo vegetariano e as conversas são boas e esclarecedoras, mas não chegam ao ponto de me fazer reduzir as porções. Até que uma dia a empresa em que trabalho resolve realizar aqueles exames pra saber se os funcionários estão morrendo. Daí eu resolvo ler o exame antes de entregar e vejo lá a bendita taxa de triglicérides. Acho que entre as milhares de religiões existente minha dúvida sobre qual estaria certa acabou, os hindus sempre souberam a verdade "não comam as vacas, ou arquem com as consequências". Claro que não é somente a carne vermelha gordurosa, mas também os doces, massas e mais uma lista infinita de coisas que contribuem para meu atual estado alarmante. Não preciso ficar recorrendo a lista pra saber se posso ou não comer, o macete é: olhou, salivou, bate a tristeza e já desvio o olhar, só posso comer aquilo que ninguém quer. 


Uma coisa que me irritou foi que nem pude comer minha torta de aniversário ou sequer fazer um brinde. Enfim o item 8 da lista vai acontecer, na verdade já está acontecendo, de forma abrupta. O que mais me chateia é que esse troço de triglicérides sempre soou na minha cabeça como coisa de velho, tipo, acabei de fazer 29, sou uma criança ainda, isso não é justo... 

sábado, 2 de agosto de 2014

Tendo um treco



Alguns amigos e até a primeira dama costumam dizer que eu sou a mulher da relação. Devo ser mesmo. Estou mais ansioso para me casar que a noiva, como isso é possível? Explico:

1) Primeiro que tudo que eu decido fazer direito, tenho um padrão de qualidade que nem eu mesmo consigo cumprir. Hipocrisia? Sim. Mesmo eu tendo me atentado para nem 30% das coisas que envolvem uma cerimônia eu consigo fazer que esses 30% causem mais dor de cabeça que os outros 70%.

2) Eu gosto de inventar moda, como diz minha mãe. O problema de inventar jeitos diferentes e personalizados de fazer as coisas é óbvio: ou fica mais caro ou mais trabalhoso e na maioria dos casos acontece as duas coisas. Se não bastasse tem fato de que a nova moda não foi testada ou pouco testada então sempre existe a chance de desastre, por isso mais tensão.

3) Estamos montando nossa casa e não ficará pronta em menos de um ano e o casamento é em uma semana kkkkkkkk peraí kkkkkkk. Então, mas isso não quer dizer que já não esteja dando trabalho agora. Está dando muito, mas vai ficar bom.

4) Moro em Brasília enquanto tudo se passa em Goiânia, minha solidão aumenta meu nervosismo de um tanto que você não imagina. É tipo um obstetra não poder fazer o parto do seu próprio filho. Ok, exagerei, não faria mais que os 30% mesmo se estivesse lá, mas pelo menos pegaria na mão da grávida.

5) Lembra da empresa que já mencionei aqui? Então, ela é totalmente virtual e resolveu entrar no ar AGORA!!! Putz, é tanta coisa ao mesmo tempo, só falta ser ano de copa...

6) Tem referências de Dragon Ball no cerimônia de casamento!

7) Sete é um número excelente.

A verdade é que a primeira dama tem que fazer quase tudo sozinha, amo demais essa baixinha, só não é gorda, dentuça e nem tem um coelho azul. Então porque raios eu fico mais maluco que ela????? Devo ser a mulher da relação mesmo.

#tocapedraletícia

quarta-feira, 16 de julho de 2014

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Ocupação 101


A treta voltou a esquentar entre Israelenses e Palestinos nos últimos dias. Tem muito sendo dito sobre terrorismo no mundo há muito tempo, a cada dia essa palavra vem se transformando em seu significado. Não por passar a ser certo, mas por se tornar mais abrangente que homem bomba. Não deixei de considerar ataque a uma lanchonete terrorismo só passei a por mais coisa dentro desse conceito, como por exemplo, destruir um país procurando armas de destruição sem nenhum indício concreto. Sendo assim os EUA pra mim são tão terroristas quanto. Outro fato histórico é o genocídio que o Brasil ajudou a praticar na guerra do Paraguai, daí me perguntam porque não acredito em patriotismo/nacionalismo/ufanismo... Hino pra mim, só serve pra eventos esportivos e olha lá.

Foi-me recomendado o documentário Ocupação 101 que conta mais um lado da história do Oriente Médio. Achei excelente, quase obrigatório. Recomento aos amigos e já deixo aqui fácil pra galera. Mas não esqueçam de procurar outras fontes, outros conhecimentos, outras versões, a moeda sempre tem mais que dois lados.






quarta-feira, 9 de julho de 2014

#TeveCopa

Fiquei na minha o máximo que pude e agora que o Brasil perdeu suas chances de ser campeão consigo comentar com mais calma as reações que observei. Vi todo o tipo de reação, eufórica, alegre,  algumas intolerantes, outras arrogantes, um monte de "tô nem aí" uns sinceros outros nem tanto.



O primeiro tipo de reação e o mais interessante foi o torcedor confuso, aquele que se sente culpado por torcer e comete atrocidades contra si próprio, mas torceu, assim como os ativistas anti-ditadura torceram por Pelé, Jairzinho e o eterno capitão Carlos Alberto Torres. No jogo de estreia da seleção em 1970 o time perdia por 1 a 0 da Tchecoslováquia até que Rivelino faz o gol de empate, de acordo com o deputado estadual Rui Falcão (PT-SP), que estava detido com outros presos políticos, foi uma gritaria só na cadeia que até os guardas se assustaram pois a notícia era que torceriam contra. Lembro de uma outra entrevista de exilados que acompanharam de outro país a copa, a memória não me deixa lembrar do protagonista dessa história mas lembro do relato que durante a final contra a Itália, no terceiro gol especificamente, já não tinha dessa de torcer contra, os comunistas estavam se abraçando e comemorando a posse definitiva da Jules Rimet.

Enfim, o grupo que mais me intrigou foi esse bloco dos confusos, alguns até arrependidos. O caso mais famoso que acompanhei foi de Gabriel "O Pensador". Ele sempre foi fã de futebol, flamenguista fanático e iniciou até agenciamento de jogadores e de um time de base. Mas veio à mídia e soltou essa aí:

 

Sou fã, lembro de ter comprado CD's do cara, lembro de ter decorado o álbum "Quebra-Cabeça" inteiro, lembro de ter me frustrado com o seguinte "Nádegas a Declarar", lembro de ter que explicar pra todo mundo que o hit Lôraburra não era preconceituoso e que só pensava isso quem não ouvia a música toda. Lembro quando lançou a música "Brazuca" criticando os problemas sociais no entorno dos sonhos de quem quer se tornar um craque da bola. Quero dizer que respeito o cara, mas está confuso e ficou claro pra mim quando deu essa entrevista no SporTV. Talvez por não ter conseguido separar futebol de nação, nação de governo assim como muitos não separam os problemas que são do sistema e dos partidos. Se um dos jogadores que ele agencia/agenciou estivesse na copa, como seria? Não chego a julgar, não mesmo, tem todo um fator externo antagônico ao fator cultural que gerou a lambança de sentimentos não só nele.

Um outro grupo permaneceu fiel ao #NãoVaiTerCopa mas sinceramente escolheram a pior frase possível para estampar o movimento. O brasileiro vibrou quando descobriu que a copa viria pra cá porque futebol é cultural não é um esporte comum. Vi uma entrevista de uma repórter japonesa que cobre a seleção, ela disse que veio morar no Brasil para entender a paixão do brasileiro pelo time, pois lá fora ficava difícil de compreender o seu significado, já que para o japonês é só futebol. Num país com esse nível de devoção já nasce fadado ao fracasso uma campanha dessas, mesmo com a imprensa anti-Dilma ajudando e dando aquela força. As causas eram legítimas, as desapropriações, a especulação imobiliária na favelas, a perda da soberania nacional para FIFA, os atrasos, a verbas emergenciais etc. Na minha opinião faltou um pouco de calma na formulação do editorial. Mas terão meu respeito pela coerência e força nos protestos, essa galera é massa.

Um terceiro grupo, talvez o mais idiota deles, foi o grupo que pagou ingresso pra xingar a presidenta* Dilma, se fosse só a vaia nem me importaria tanto. Sinceramente não sei o que passa na cabeça dessa galera, eles juram que o montante que o governo federal gastou na copa resolveria o problema da saúde, educação, aquecimento global, da existência de um papa argentino e do preço da PS4. Mas ao mesmo tempo são apaixonados por futebol e pagaram caro para estarem ali, talvez tivessem juntado grana por muito tempo para realizar esse sonho possível, já que alguém trouxe a copa pra cá. Não votei na Dilma e não pretendo votar em sua reeleição, mas os #foraDilma são patéticos com o seu discurso simplista de que ela foi eleita pela galera do bolsa família ou dizem coisas mais preconceituosas ainda que tudo é culpa do Nordeste, bastaria olhar as estatísticas dos 55 milhões de votos da mulher, 10mi foram só em SP, por exemplo. Foi eleita democraticamente, se querem um impeachment que seja por motivos razoáveis como a treta da Petrobrás e não porque você simplesmente acordou com vontade de fuder a frágil democracia brasileira. Esse mesmo grupo de pessoas, só lembrou de xingar a presidenta novamente ontem quando levávamos a maior salsichada da história do seleção brasileira, o que me mostra que são manés mesmo. 

Teve um quarto grupo, parece o #NãoVaiTerCopa, mas é bem menos politizado e cheio de frases de efeito. A galera que vive repetindo o bordão do "pão e circo". Basicamente não gostam ou gostam pouco de futebol. Se divertem de outras formas, querem parques públicos, querem shows gratuitos para a população (desde que seja Jazz, se for Sertanejo aí já é pão e circo), querem pagar 600 reais para ver Paul McCartney... Mas futebol?! Ah não, não conseguem aceitar. Seriam respeitados se admitissem que não gostam de futebol/copa e pronto, sem essa de "tem gente morrendo na Faixa Gaza e vocês lamentando a coluna do Neymar", Quero ver quando o Paul** morrer se vão lembrar da fome da África. 

Tem inúmeros outros grupos, mas os que me chamaram atenção foram esses aí. Mas e eu? Onde estava? Bom, esse ano me caso e tudo perdeu um pouco da importância incluindo a copa e a higiene pessoal. Não esqueci do item 3 da minha lista - Assistir à uma final de copa. Mas depois da minha experiência em 2013 na Copa das Confederações vi que não tinha sentido buscar esse sonho no Brasil, estive lá no ano passado e já até contei aqui que me vi extremamente constrangido e não curti os 3x0 no Japão como deveria. Juntei grana para estar na África do Sul em 2010 mas a FIFA não me sorteou e o preço dos ingressos na mão de terceiros inviabilizaram a viagem. Enfim, quem sabe estarei na Russia em 2018... 




- "Se a Alemanha tivesse feito mais 1 gol não seria 8 de julho... Seria 8 no julho"






PS: as piadas sobre o vexame futebolístico são ótimas, ri bastante, somos assim, sabemos rir em qualquer hora.

PS2: também acho engraçado a forma que alguns lidam com a frustração, o time sempre chega entre os melhores, de 70 pra cá o pior resultado foi ficar nas oitavas, o normal é sempre passar para as fases seguintes. Esse time tem que jogar mal durante uns 30 anos para deixar de ter o melhor futebol do mundo. Mas não adianta dizer isso, sempre vão achar um pra execrar desde Barbosa, o goleiro de 1950, é assim.

*Eu chamo de presidenta pelo simples motivo: ela pediu! Não vejo razões para tornar o tratamento uma demonstração de ideal político, se ela tivesse pedido para chamá-la de Carlos atenderia da mesma forma.

**Adoro o Paul, foi só um exemplo.






quarta-feira, 2 de julho de 2014

Inveja!

Já escrevi sobre a Inveja aqui, mas é um tema sensacional e nunca deixo de ter material para comentar. Aprendi com líderes espirituais do passado que confessar um pecado/crime/falha faz sentido se for pra quem o assunto interessa. Apenas confessar por mero desabafo ou para cumprir um ritual de penitência vazio já é um começo, já estamos admitindo, mas trocar ideia com a vítima é bem melhor para o meu crescimento, o orgulho sofre mais porém dá mais resultado.



Digo isso pois lembro perfeitamente da primeira vez que cheguei numa pessoa e disse:"Perdoe-me, eu estava com inveja". Como a sociedade vê a inveja como algo pior que assassinato a própria vítima tentou me convencer que não era inveja e que eu estava confuso, ele estava tentando ser legal, mas era inveja sim. Era uma amigo que pagou um preço barato em um computador que valia mais que o dobro se fôssemos na loja. Eu estava com raiva por não ter o computador mais moderno do grupo, estava com raiva porque não tinha feito um negócio tão bom financeiramente, estava com raiva de todo mundo que olhava a máquina e exclamava elogios. Não tem outro nome pra isso, é inveja mesmo.

Essa foi a primeira vez que percebi de forma nítida o que se passava e como tinha aprendido confessei. Percebo que quando alguém está com raiva de outra pessoa essa é a acusação mais comum "é pura inveja, sempre quis ser eu". Porque é a acusação mais comum e confissão mais incomum? Como é possível notar tão facilmente algo se não tivéssemos uma noção próxima dos conceitos?

O psicoterapeuta José Luis Cano Gil fala de diversas situações que levam à inveja, uma que me chama a atenção é o narcisismo, sair do centro, sair do foco, deixar de ser o mais celebrado causa uma dor muitas vezes traduzida em raiva, daí para a sabotagem é um pulo. Outro fator é a síndrome do 'ninguém me ama', se eu sou um sofrido na vida, tenho uma história triste e tudo, acabo por ter uma dificuldade imensa de aceitar os sorrisos enquanto estou velando meus sonhos, é o perna-de-pau que fura a bola pra ninguém jogar.

Tem uma que eu apelido carinhosamente de inveja de bolso, aquela sem muitas proporções mas é chatinha, fica no maior experimento psicológico que a humanidade já fez: a rede social. O fluxo é contínuo lá, já me peguei caindo em algumas armadilhas e percebo muitos amigos caindo também, mas ninguém admite lá também, preferimos a morte. Postagens insignificantes nunca têm sua ortografia revisada pelos Pasqueles de plantão, mas se está fazendo um mínimo sucesso sempre aprece um pra te avisar como se escreve esseção corretamente. Acontece em outras situações também, tem sempre alguém pra dizer um "na verdade..." ah, como isso me irrita, me irrita até quando sou eu que digo.

Hoje acho que deixar de ter inveja está tão próximo da nossa realidade como deixar de soltar pum. Há quem insista em algum tipo de santificação, mas pra mim está mais para aprender a lidar com isso, o pum veio pra ficar.

P.S.: Continuo recomendando o filme Amadeus, belíssimo.

quarta-feira, 25 de junho de 2014

Humor Negro!


Eu sou um fã de humor negro, principalmente quando se fala em cinema. Nos filmes o negócio fica mais refinado, não se dá ao trabalho de fazer uma simples piada preconceituosa ou explorar ambiguidades como a da tirinha acima, costumam ser tramas bem elaboradas e com um roteiro ácido.

Duas pessoas em momentos distintos me pediram uma lista desse tipo de filme, daí quis escrever esse artigo. Escolhi 3 filmes do gênero em escalas diferentes de humor para não assustar os amigos.

Nível Iniciante - para aqueles que não estão habituados e nem sabem se realmente gostam, tem um título bem legal, bem leve, dá pra assistir em família (risos).


Morte no Funeral, 2010 (Death at a Funeral), um filme que chega de cara com Chris Rock que tem um lista imensa de comédia pastelão no currículo (e dubla a zebra em Madagascar) daí você já começa a assistir pré-disposto a rir, essa é a ideia. Tem também Martin Lawrence, de Vovó...Zona, para tirar toda sua dúvida de que se trata de uma comédia. E a cereja do bolo Peter Dinklage, o Tyrion de Game of Thrones. Atenção, esse filme é um remake, o original é britânico de 2007 (e tem Peter Dinklage também para a nooooossa alegria) mas se não é acostumado com isso, vai no estadunidense mesmo que é mais fácil de digerir. Resumo da ópera trata-se de uma família problemática que deixa as verdades fluírem durante o velório do patriarca da família.

Nível Intermediário - para aqueles que já tem o hábito de rir de piadas de mau gosto. Dá pra assistir com a família também mas a maioria vai ter certeza que se trata de um drama com lição de vida e não vai rir (talvez seja um drama mesmo e eu ri porque sou esquisito).


Bastidores de Um Casamento, 2011 (Another Happy Day), protagonizado por Ellen Barkin é outra lambança em família, mas como o nome já diz, acontece durante um casamento (uma tradução de título que fez todo o sentido). A carga dramática e sem noção sobre ela é muito massa e por muitas vezes engraçadíssima. A família é do avesso, ninguém é normal, todo mundo sofre, mas é engraçado. Tira umas gargalhadas em cada depoimento hipócrita e desumano, mas todos acham que se amam. Drogas, distúrbios, violência ... tudo que uma família normal tem direito. Neste a cereja do bolo fica por conta de Demi Moore, uma coadjuvante de luxo num papel que você não está acostumado a ver.

Nível Vamos Todos Para o Inferno - sério, se você rir nesse nível, vai arder no tridente do capeta, você não é uma pessoa boa. Não é o mais chocante dos filmes, não mesmo, o problema é que é uma COMÉDIA. Assista com quem tenha intimidade para rir e não ser julgado, evite os parentes próximos. 


Festa em Família, 1998 (Dogme 1 - Festen), longe de ser o filme mais constrangedor que existe mas já te introduz nesse mundo em grande estilo. Para variar, problemas internos de uma família. A questão não é se o problema aqui é maior ou menor que nos outros filmes mas a maneira que a narrativa se dá, é muito bem feita, muito perturbadora e, lógico, engraçada. O que faz desse filme especial? Ele é o primeiro título do Manifesto Dogma 95, do diretor e co-criador do manifesto Thomas Vinterberg (um outro adepto do manifesto é nada mais nada menos que Lars 'doidipedra' Von Trier). Trata-se de um movimento que de certa forma queria desconstruir alguns padrões da 7ª arte, fazendo coisas do tipo: não usar tripé, não mixar sons na edição, não usar iluminação artificial que não fosse da própria cena, não fazer filme de época etc. Isso faz de Festa em Família mais que um bom representante do humor negro, faz dele uma obra prima e o coloca de vez na história do cinema. Se interessar por mais desse movimento olhe a lista AQUI.

Enfim, é isso, espero ter ajudado os amigos a se interessarem por um gênero diferente de filmes. 

quarta-feira, 11 de junho de 2014

Promessas

 

Vou tentar explicar a existência do item 280 da minha lista que é "não fazer promessas em tempos de crise". Tudo começa na infância, estudava em um colégio religioso e de disciplina rígida. Eu sempre fui de ficar quieto, não era de aprontar, na época não tinha consciência direito de certo e errado mas por ser introvertido preferiria a morte a ser exposto em público como 'menino mau'. Comecei então a reparar como alguns arteiros saiam do problema, tinha um ritual que todo funcionário da escola seguia quando flagrava uma criança levada:

1- Peça desculpas
2- Se possível desfaça o que fez ou compense o ato.
3- Prometa que nunca mais vai fazer isso.

O problema é o item 3, quem em sã consciência não faria o 3? Se você já tinha atropelado seu orgulho no 1 e no 2, então, chegar no 3 é praticamente um alívio é tipo um "você já está se safando, só falta isso". A maioria dos que testemunhei não abandonavam a ViDa LokA de roubar toddynho no recreio e nem se lembravam da promessa feita.

Um pouco mais velho, aos 13 anos, aconteceu uma celebração de natal na nossa casa, meu avô providenciou algumas garrafas de espumante bem barato para estourarmos e sujarmos o chão, sério a intenção não era beber era fazer bagunça mesmo. Mas eu estava fissurado em saber os efeitos do álcool. Meu pai então cansado de proibir e dar broncas adotou outra tática, não apenas permitiu como encheu meu copo (não tínhamos taças ou não confiaram taças às crianças, não me lembro). Bebi tudo e papai encheu novamente. Lembro de ter ficado bom somente uma semana depois na festa da virada de ano. Não fiquei bêbado, alegre ou algo do tipo, só fiquei sonolento e com a cabeça doendo horrores. Lembro de ter feito não somente uma vez mas várias vezes a promessa clássica "nunca mais bebo na minha vida", meu pai com aquele sorriso no rosto do tipo "missão cumprida".

Essa promessa durou por mais de década mas acabou caindo por terra, até ganhar adega eu já ganhei. Fiz a promessa no pior momento, quando a cabeça parecia prestes a explodir. Um dia ela perde o sentido tanto é que perdeu.

Um dia um cara se identificou como pesquisador e pediu para entrar na minha casa, deixei ele entrar e no fim percebi que não tinha nenhuma estatística sendo feita, era uma venda de enciclopédia. Resultado, depois de 1 hora ele já tinha chorado e me envolvido numa campanha em que se vendesse aquele último produto sua vida de ex-menino de rua teria uma guinada através de uma ONG que nunca ouvi falar. Era uma coisa absurda: 10 parcelas de 20% do meu salário numa época em que 70% já estava comprometida com um carro. Sim, eu fiz essa burrice. Dois dias depois desfiz. Representantes da ONG me odiaram e até hoje tenho dúvidas sobre aquilo. Fiz uma promessa estúpida que teria problemas em honrar, totalmente envolvido pela emoção e oratória do cara e sem nenhuma convicção de que o tal projeto existia. Eu recebi um número de telefone em Salvador, liguei um dia inteiro e sem sucesso, era o que faltava pra eu sair correndo e pedir os cheques de volta.  

Na faculdade (em uma das 5) foi recomendado um livro em que o autor contava sua prática de não tomar decisões difíceis com pouco tempo para pensar no assunto, quando não lhe davam prazo a resposta automática já seria "não, obrigado" por mais tentadora que fosse a proposta. Claro que eu aprendi a lição e quando eu abri minha empresa em uma das primeiras compras gastei o dobro do valor que um equipamento valia pressionado por uma ligação dizendo "decide logo pois só vai rolar se for hoje". Como assim? Amanhã todos esses equipamentos serão apreendidos pela Otan? E mais uma vez sob pressão tomei uma decisão que me lascou de várias formas.

Por isso que segundo turno de eleição é a coisa mais absurda em termos de campanha, o cara chegou até ali, vai prometer até a mãe se for preciso. Dá até preguiça quando precisa de desempate, as apostas são altas e ninguém consegue pagar a conta depois.

Percebo que não apenas prometer mas pressionar para ouvir uma promessa não vale a pena. Grandes decisões em tempos de crise podem aumentar a crise. Até nossa lei sabe disso, se estivermos em estado de emergência ou algo do tipo não podemos ter emenda constitucional e o princípio por traz disso é o mesmo. Países que estão passando por alguma calamidade não deixam suas crianças serem adotadas por estrangeiros pela mesma razão (vide Haiti depois do último grande terremoto).

Enfim, precisei viver quase 3 décadas para acreditar em um dos mais antigos clichês: calma, conta até dez. 

quarta-feira, 4 de junho de 2014

Caiu a ficha!


Sou um ser escroto, ora insensível ora fingindo ser. Virei pra mulher em 2012 e disse "já que não estamos fazendo nada, bora casar?". Esse sou eu fingindo ser. A verdade é que tremi um pouco, me emocionei mas tinha certeza do que estava propondo.

De lá pra cá continuei curtindo momentos de idealização e planejamento dessa vida a dois. Essa questão de estar com alguém tempo integral me cativa muito, talvez porque eu seja um ser humano comum que gosta muito de ser amado e retribuir. Uma carência gigante que temos que até o religioso que diz ser auto-suficiente em sua fé se casa na premissa em que algo maior disse a ele que seria bom. Vendo a incoerência algumas doutrinas falam em celibato para corrigir essa conta, o que não dá muito certo também. Enfim, aceitei minha situação ou minha doença e quero me casar.

Sempre negligenciei a importância do rito de passagem, a cerimônia em si. Sempre valorizei o que viria depois. Mas hoje que faltam 2 meses apenas a ficha caiu. O mais interessante foi o motivo: o bendito e ineficiente* chá de panela ou chá bar como apelidaram. A reação das pessoas com esse evento me fez perceber um pouco melhor o significado do casamento enquanto festa. As pessoas se animam, se importam, caramba que povo mau, eu estava bem do outro jeito. Agora tudo mudou, parece que depois do matrimônio eu vou tipo morfar igual power ranger e terei poderes e responsabilidades que envolvem a paz mundial.

O chá de panela ou chá bar em meio a sua futilidade* se transformou em pré-carnaval, aquele aquecimento que você já vai de peruca e solta meia franga. Essa droga me fez levar o tal susto, o gatilho para o efeito "putz, era menor na foto". 

Resumindo, estou feliz, bastante, mas rolou aquele frio na barriga de quando você vai se apresentar, passou meses ensaiando aquela música e aquelas notas, vai ter plateia e jurados. Nesse caso mesmo sabendo que os jurados vão te aprovar e te diplomar um cantor profissional (a bosta da cadeira vai ter que girar obrigatoriamente) e mesmo sabendo que tudo vai dar certo a vida de um cantor é novidade para você. Você se preparou planejou, perdeu tempo lendo livros de gente especialista** mas nunca foi um cantor antes. "Éder, quanta bobeira!" sim, eu mesmo estava dizendo isso uns 3 dias atrás. Enfim, é isso, vou me casar.

*Trata-se de um evento caro para ganhar presente, bastaria então pegar o dinheiro gasto no evento e comprar você mesmo os presentes. Não adianta filho, eu tentei, no fim até você se empolga com a parada e quer ver todo mundo lá, é tipo um aniversário, só que você vai dividir com outra pessoa a festa, e pra piorar é o primeiro evento do gênero na sua vida. Posso ficar repetindo esse mantra do quão besta é esse chá, mas no fundo já estou gostando da ideia e feliz por ninguém ter me dado ouvidos quando propagava meu pensamento lógico.

**O que te gabarita a ser um especialista em casamentos? Ter casado várias vezes te faz um bosta no assunto e ter casado somente uma vez não te faz nada mais que um juvenil no tema. Então fica o conselho, cuidado com quem escreve livros sobre o assunto.



terça-feira, 27 de maio de 2014

Sou recordista brasileiro em alguma coisa...

O verbo correto seria 'estou' pois no cubo mágico são poucos recordes que duram, esse deve cair no próximo campeonato com certeza. Para se ter uma ideia nem estou perto de ser o melhor do país, tá mais para um dia de sorte. Mas obviamente isso não me impede de tirar onda com o feito.



Aconteceu no Brasília Open 2014 (17 de maio) Pátio Brasil Shopping. Fiquei com a prata no evento porém feliz por ter um momentâneo recorde nacional. No cubo é possível bater um recorde e perder pois existem duas marcas distintas: o melhor tempo e a melhor média. A média é que determina a vitória (o que é justo), porém você poder perder e ter feito o melhor tempo. Simples de entender, pense num piloto que faz a melhor volta de uma corrida, ele pode estar em qualquer colocação, até em último, é improvável mas é possível.


Trata-se de uma modalidade que tenho um grande apreço, é o quebra-cabeça Skewb. Desde 2012 acompanho sua evolução no planeta e quis muito que se tornasse parte do quadro oficial da WCA (World Cube Association). As razões são simples: é um quebra-cabeça sem dificuldades de fabricação, é de simples resolução portanto um divulgador a mais dos cubos sendo mais uma porta de entrada, é de embaralhamento rápido (não dá a tranqueira que cubos grandes dão, não atrasando os campeonatos), é diferente dos cubos já existentes não sendo apenas mais do mesmo (como 6x6 e 7x7) e por fim ele já era popular o suficiente para estar em competições. Mesmo sem ser oficial fui o primeiro a colocar a modalidade em campeonato no Brasil, foi no Goiânia Open 2012. Já tinha interesse que essa ideia fosse difundida. Comecei a participar dos fóruns internacionais para debater o assunto com outros entusiastas pelo mundo enquanto trocava ideia com os brasileiros sobre o assunto. Nem tive que me esforçar muito, percebi que era uma 'guerra' já ganha quando eu entrei, outros caras já tinham ralado bastante para isso. Resultado foi que em 2014 a modalidade entrou para o quadro e estreou na América do Sul em seu principal campeonato, a etapa verão do Campeonato Brasileiro 2014, em janeiro deste ano. Tivemos uma cena engraçada no Brasileiro, o primeiro que resolvesse seria momentaneamente o recordista sul-americano não importando o tempo que fizesse, tive a honra por uns 2 minutos. Vídeo AQUI.

Sendo assim o item 237 da lista está cumprido :)



ATUALIZANDO: no último domingo, 22 de junho, durante o São Paulo Open 2014 o recorde foi quebrado. Agora é 5,29 segundos e não me pertence mais, foi bom enquanto durou :)

quarta-feira, 30 de abril de 2014

Novos capítulos do Cubo no Brasil

São tempos de festa para a galera do cubo mágico, em 2013 o país teve 14 competições pela WCA (World Cube Association) fora as escolares em Goiânia e São Paulo. Manteve o forte ritmo esse ano e além de palestras e oficinas por todo país. No ano passado a professora Neuza Gonçalves, com a consultoria de Juliana Moreno, introduziu em uma escola pública da capital goiana a disciplina do cubo mágico, nesse ano em São Paulo Rafael Cinoto tem chamado atenção da grande mídia também com uma disciplina com alunos desde o 3º ano do fundamental. A época é ótima e tende a melhorar.  Em 2014 a Associação Brasileira começa a tomar forma e realizou seu primeiro evento que foi a etapa verão do Campeonato Brasileiro. Parece promissora a organização, hoje faço parte dela e sei das dificuldades em se organizar algo do zero. Sem dúvida a associação é o que há de mais interessante até agora para a modalidade. Sem ela, por exemplo, um campeonato nacional não teria sua legitimidade. "Tá querendo dizer que sem formalidades nada pode ser feito?" Não é bem isso, estou dizendo que sem representatividade a abrangência desses eventos fica vazia de significado, se a comunidade cubista não está representada então fica sem sentido tomar decisões de valor. No nosso caso é ela que nos dará essa representatividade, mas ainda faltam algumas coisas pra ficar redondo, como por exemplo as eleições para os cargos, aí sim vejo uma trilha de sucesso. Por isso digo que ainda existem muitos desafios pela frente.

Outra coisa interessante foi o número de delegados da WCA que mais que dobraram no Brasil. O delegado traz a legitimidade da WCA para os nosso eventos e valida, por exemplo, os recordes que acontecerem por aqui. De 2 fomos a 5, já estamos acima da média global porém abaixo quando nos comparamos a países de grande área territorial. Por isso ainda é um caminho grande a percorrer. Não imaginava quando comecei no cubo em 2009 que seria um desses delegados e hoje acabei me tornando um. Na verdade esse é o motivo da postagem.

No próximo fim de semana estarei no Amazonas pela primeira vez como representante da WCA fazendo do Manaus Open 2014 um evento reconhecido mundialmente. Estou bem feliz com a novidade e um pouco ansioso. Já organizei e ajudei a organizar vários eventos do tipo mas nunca sozinho nesse papel, feliz demais. De quebra será a primeira vez que o Brasil terá dois eventos simultâneos, graças a quantidade atual de delegados e também de outras pessoas envolvidas nas organizações. Uma data para entrar para minha história e para história do cubo mágico nacional.


Então esse tem sido meu caminho, sempre sonhando em ver o Brasil sediar um mundial aqui, acho que comecei essa caminhada com cuidado, apenas querendo colocar minha cidade no mapa do cubo mágico (contei essa história AQUI), e tudo tem dado certo. Vamo-q-vamo. 

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Birra com sapatos!

Tem dois itens na lista que são sobre minha birra, não necessariamente com os sapatos, mas com os preços. São eles 203- Nunca gastar num sapato o valor de um salário mínimo e o 204- Não parcelar sapatos. Encontramos facilmente pares de sapatos/tênis que passam da casa dos R$ 1.000,00. Não entra na minha cabeça, mesmo se eu fosse milionário, não dá pra esquecer que esse valor é quase 50% maior que um salário mínimo. E não dá pra deixar de comparar com o meu aluguel, um sapato desses paga um mês e sobra para o outro. Esse trem é de ouro?

"Ah, mas são sapatos que duram décadas"... no pé de quem? Esse troço não dura uma década, não mesmo, o pior de tudo é que nem são feitos para serem lavados, se lavar já era. Tem que comprar um spray mágico que tira a sujeira harrypotticamente. Ou ficar com eles sujos até se desfazerem, o que é meu caso, não aceito ter que comprar o bendito spray. 

O melhor de tudo, eles parcelam em 12 vezes!! Esse é o maior erro que se comete, quando estiver pagando a 3ª já rola o arrependimento, o sapato não está mais no mesmo estado que comprou, nem de longe. Exceções existem se for o famoso sapato de "festa", mas tirando esse caso ele vai estar já meio surradinho. 

Última compra que fiz foram 3 pares por 200 reais, e fiquei dos mais feliz, rolou desconto e espero ficar pelo menos alguns anos sem precisar gastar com isso (duvido, mas me faz bem acreditar nisso). Se um dia eu achar algum que realmente dure, ou que proporcione um conforto sobrenatural, quase um barato, pode ser que eu mude de ideia. Não vou ser cabeça dura, é possível que eu mude sim de opinião se eu encontrar, mas acho improvável, enquanto isso vivo feliz com meus 3 pares.

Nem vou entrar nos méritos do universo feminino porque sapatos são tipo um mandamento de alguma divindade, entendo como um tipo de hobby sei lá.

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Valsa N° 6

Então, já disse por aqui sobre minha preferência por teatro de bonecos. Agora imagina quando fiquei sabendo que em Brasília teria uma peça de Nelson Rodrigues nesses moldes!!! Valsa n° 6 é um monólogo muito legal, confesso que eu tinha um preconceito com monólogos no teatro, mas Nelson Rodrigues + Boneco não tem como ser ruim.

Na verdade é uma boneca, Sônia, que já passou dessa pra melhor e tá meio perdida sobre quem é. "Ah, cuidado pra não contar o final", o texto foi escrito em 1951 então acho que medo de estragar a surpresa não vem ao caso. Aliás pra quem gosta de ler peças o texto é facilmente encontrado na interwebs, pra facilitar sua vida clica AQUI. Uma coisa bacana que vi nas entrevistas da equipe que montou o espetáculo é que a boneca foi inspirada na obra de Tim Burton, especificamente em Noiva Cadáver. Olhando a foto diga-me se não é legal?!


Eu fiquei maluco, sou um anti-social assumido e pra eu sair de casa tenho que me programar com dias de antecedência, mas quando vi a notícia que estariam perto de mim e que o fim de semana já estava com os ingressos esgotados, fui em plena quinta-feira correndo pra não perder o lugar sem pensar muito, como já disse Nelson Rodrigues + Boneca inspirada em Tim Burton não tem como dar errado é tipo misturar leite condensado nas coisas, fica bom até com feijão.

Aprendi o que era Nelson Rodrigues na escola, um professor apaixonado por Vestido de Noiva nos fez ler a peça e debater por semanas, cheguei a assistir na época uma montagem que fizeram em Goiânia, foi legal, curti bastante. Ah, é claro, o famoso A Vida Como Ela É que passava aos domingos no meio do Fantástico também ajudou a ter interesse pelo autor.

Onde verei então essa peça? Você pode entrar no site da Companhia Teatro Portátil clicando AQUI e ver se vai passar por perto de você, o site é 'bunitinho né?! Se não tiver nada perto de você por agora, mande emails chatos pra eles do tipo "poxa quando vocês estarão na cidade X".