quarta-feira, 2 de julho de 2014

Inveja!

Já escrevi sobre a Inveja aqui, mas é um tema sensacional e nunca deixo de ter material para comentar. Aprendi com líderes espirituais do passado que confessar um pecado/crime/falha faz sentido se for pra quem o assunto interessa. Apenas confessar por mero desabafo ou para cumprir um ritual de penitência vazio já é um começo, já estamos admitindo, mas trocar ideia com a vítima é bem melhor para o meu crescimento, o orgulho sofre mais porém dá mais resultado.



Digo isso pois lembro perfeitamente da primeira vez que cheguei numa pessoa e disse:"Perdoe-me, eu estava com inveja". Como a sociedade vê a inveja como algo pior que assassinato a própria vítima tentou me convencer que não era inveja e que eu estava confuso, ele estava tentando ser legal, mas era inveja sim. Era uma amigo que pagou um preço barato em um computador que valia mais que o dobro se fôssemos na loja. Eu estava com raiva por não ter o computador mais moderno do grupo, estava com raiva porque não tinha feito um negócio tão bom financeiramente, estava com raiva de todo mundo que olhava a máquina e exclamava elogios. Não tem outro nome pra isso, é inveja mesmo.

Essa foi a primeira vez que percebi de forma nítida o que se passava e como tinha aprendido confessei. Percebo que quando alguém está com raiva de outra pessoa essa é a acusação mais comum "é pura inveja, sempre quis ser eu". Porque é a acusação mais comum e confissão mais incomum? Como é possível notar tão facilmente algo se não tivéssemos uma noção próxima dos conceitos?

O psicoterapeuta José Luis Cano Gil fala de diversas situações que levam à inveja, uma que me chama a atenção é o narcisismo, sair do centro, sair do foco, deixar de ser o mais celebrado causa uma dor muitas vezes traduzida em raiva, daí para a sabotagem é um pulo. Outro fator é a síndrome do 'ninguém me ama', se eu sou um sofrido na vida, tenho uma história triste e tudo, acabo por ter uma dificuldade imensa de aceitar os sorrisos enquanto estou velando meus sonhos, é o perna-de-pau que fura a bola pra ninguém jogar.

Tem uma que eu apelido carinhosamente de inveja de bolso, aquela sem muitas proporções mas é chatinha, fica no maior experimento psicológico que a humanidade já fez: a rede social. O fluxo é contínuo lá, já me peguei caindo em algumas armadilhas e percebo muitos amigos caindo também, mas ninguém admite lá também, preferimos a morte. Postagens insignificantes nunca têm sua ortografia revisada pelos Pasqueles de plantão, mas se está fazendo um mínimo sucesso sempre aprece um pra te avisar como se escreve esseção corretamente. Acontece em outras situações também, tem sempre alguém pra dizer um "na verdade..." ah, como isso me irrita, me irrita até quando sou eu que digo.

Hoje acho que deixar de ter inveja está tão próximo da nossa realidade como deixar de soltar pum. Há quem insista em algum tipo de santificação, mas pra mim está mais para aprender a lidar com isso, o pum veio pra ficar.

P.S.: Continuo recomendando o filme Amadeus, belíssimo.

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