quarta-feira, 26 de março de 2014

Vinhos

Nem comecei meu plano divino para desfrutar dos vinhos. Disparada a bebida mais legal que existe, cheia de história, simbolismos e lendas. Além de fazer parte da dieta do mediterrâneo, lugar onde as pessoas vivem até os 347 anos. 

O que então esse pobre mortal precisava? De uma adega, claro, mas esse pobre mortal mora numa kitnet de 27m² e quando se casar vai para uma mansão de um pouco mais de 50. Se me falta dinheiro pra comprar espaço imagina pra comprar uma adega! Por isso inventaram as mini-adegas, que coisa lindadedeus! Mas a melhor das invenções, as Tias, sim elas, que compram adegas e te dão de presente de casamento. É a mesma tia da história da idade, legal né?! (não entendi e vou clicar AQUI)

As listas se materializam, que lindas são. Sendo assim Baco nunca será negligenciado na minha nova residência, já tem o seu cantinho e o seu altar. Missão sendo cumprida.




quarta-feira, 19 de março de 2014

Por que o Vila Nova faz isso comigo?

A situação é tão calamitosa do meu time que nem os amigos que sempre ligam ou mandam recado pra zoar se deram ao trabalho dessa vez, pelo contrário, vi uns rivais que lamentaram junto a situação. Destaque para o jornalista Téo José que até postou no seu blog sobre isso. O time mais vibrante do centro-oeste está na segunda divisão do campeonato goiano, inacreditável. 



Eu me lembro quando tinha ânimo para viajar para ver o Tigre jogar. Uma vez fomos até Morrinhos, assistimos o jogo todo em pé e debaixo de chuva, mas a torcida ficava firme. Lembro de minha frequência nos estádios durante as partidas do brasileiro, beirava 100%. Lembro de, por não ter tv paga, ir para um bar mesmo sem gostar para assistir partidas do Vila quando a torcida estava proibida de comparecer, lembro de ir até a sede e fazer um corredor para incentivar os jogadores na entrada para o ônibus antes de um clássico contra o rival verde. Hoje morando em Brasília fica mais difícil, porém fiquei conhecido no bar da esquina pois sou o único que pede para mudarem de canal e ver o Vila, aqui todo mundo acha que é carioca. Lembro de levar muitos amigos que nunca tinham entrado num estádio para verem o Tigrão. Lembro que muitos se apaixonavam por essa torcida louca-varrida que não para de empurrar o time. Lembro de muita coisa.

Já tem uma década mais ou menos que estão destruindo o time. Já tem muito tempo que dizem dar o sangue mas fazem da diretoria um trampolim e esquecem da razão de ser do clube. O Vila Nova não é time de prefeitura, ou esses times sazonais de empresas sei lá de onde. O Vila tem identificação com os goianienses, o Vila tem história. 

Se não bastasse a corja que apodrece o Vila por dentro, passou a existir duas facções criminosas que brigam nos estádios e estão afastando o torcedor das arquibancadas. O trem tá feio.

Já tem um tempo que desejo me importar menos com futebol, parar de me iludir com essa que é maior ilusão dos brasileiros. Desde a copa de 1998 parei de acreditar em papai noel, mas escolhi continuar cego e continuar vibrando com gols. A cada dia a vibração sofre um abalo, sai uma notícia aqui outra ali e vamos perdendo o encanto. Mesmo assim ainda me iludia, queria ver uma copa. Estive na Copa das Confederações e vi tanta coisa errada que me recusei a entrar na fila de ingressos para a Copa de 2014. Além do mais estava extremamente constrangido de ver a polícia bater nos manifestantes alegando que era para eu ter uma entrada segura nos estádios, dias antes era eu que estava na rampa do congresso. A cada dia me desencanto mais.

Mas o Vila parecia intocável a essa minha crise, até que vi toda uma região, toda uma comunidade sendo esquecida pelo modelo do futebol profissional falido. A paixão que veio do meu avô, as inimigas vão dizer que foi um suborno não acreditem, corre o risco não de desaparecer mas de adormecer. Isso porque sei que mesmo se passar a odiar futebol um dia (sinceramente acho improvável) o Vila Nova ainda vai ser uma paixão pelo que seu escudo representa e pela comunidade que se une em volta do vermelho.

quarta-feira, 12 de março de 2014

Amadeus!

Mais um filme sensacional. A direção é de Milos Forman, o cara dirigiu uns filminhos aí sem importância como Um Estranho no Ninho e O Mundo de Andy, esse último muita gente critica, porém é muito bom, um dia quero escrever sobre.

Amadeus é um filme sobre inveja, e isso é fantástico. Gosto dessa temática, filmes assim mostram uma coisa diferente do que costumamos acreditar. Nós vemos inveja como um sentimento extremamente distante do normal, algo pertencente a um bandido, criminoso, pedófilo, assassino que come pizza com catchup. Que tipo de ser humano põe catchup na pizza?!?! Não vemos como um sentimento comum como raiva e nem como um pecado trivial como a preguiça. Inveja é o cão chupando manga nas nossas mentes. Isso é ruim por um lado: ninguém admite que tem.

O contexto do filme é simples, Salieri é um compositor que quer ser a última bolacha do pacote, mas nasceu na época de ninguém mais ninguém menos que Mozart. Digamos que Cristiano Ronaldo sabe muito bem o que isso significa. O filme é todo na ótica de Salieri, é até o próprio narrador da parada. Que coisa linda, quanto sentimento, quanta frustração, quanta inveja. Como lidar com esse tipo de sentimento que é tão feio que não podemos reconhecer que temos? Como lidar com algo que juramos não existir em nosso miocárdio?

Essa é a graça, não dá pra contornar isso. O filme é longo para os padrões de hoje mas é sublime no seu ritmo de narrativa, não cansei em nenhum momento. E já adianto que se você tem algum tipo de conhecimento musical, por menor que seja, vai curtir o filme mais ainda que abusa de cenas musicais, mas não musical tipo Incrível Xuxa Contra o Baixo-Astral (adoro, mas não é o caso), Amadeus é musical tipo Mozart :)



A trama gira nas peripécias do confuso Salieri em tentar ser melhor que Mozart. Mas esse "tentar ser melhor" é do tipo de dar orgulho em Maquiavel. Hoje saber que sou invejoso me ajuda bastante, sei quando alguém fez merda e quando alguém fez algo bom mas eu quero acreditar que seja merda pra esconder minha inveja. Pra quem não acredita que é algo muito mais presente que se pensa é só dar uma olhada no estudo mais doido que já vi. Dentro do grupo submetido aos testes um terço (33%) demostraram inveja ao acessar o perfil do coleguinha no facebook. Vamos de uma forma bem porca e pouco científica admitir que se a cada 3 amiguinhos 1 (no mínimo) é sabidamente invejoso sua concepção muda sobre esse sentimento. E o estudo ainda te mostra que a pessoa objeto da inveja tem um pouco de responsabilidade nisso, afinal quem quer saber o quão azul são as águas do Caribe? Por que o cidadão postou as fotos? Abraço para meu amigo mergulhador que não se cansa de postar essas fotos horrorosas de lugares que nunca cheguei perto.

Enfim, recomendo Amadeus essa excelente obra do cinema (disponível no Netflix) e recomendo também a leitura do estudo que mencionei sobre a inveja (notícia AQUI, estudo AQUI).

quarta-feira, 5 de março de 2014

Semana Internacional da Entrega de Flores

São poucos os lugares hoje que recordam/celebram o dia internacional da mulher observando aquilo que é de fato pertinente à data. As experiências que tive em escolas, universidades e empresas que trabalhei foram bem idiotas. Sempre algo do tipo:"entregue essa flor para a coleguinha" ou "leia esse texto sobre como as mães são importantes para a humanidade". Fico pensando em uma mulher que não queira ou não possa ter filhos nessas cerimônias, o que será que passa na cabeça dela? "Eu sou ninguém, como mulher só me resta parir, como não vou fazer isso sou um imenso desperdício de carbono".

Tem muita gente que se faz de analfabeto funcional e pensa no feminismo como uma ameaça, usa termos como feminazi e outras coisas. Essa galera que se faz de burra não entende a diferença de perder direitos para perder privilégios. Um último exemplo relativamente recente foi um vídeo francês sobre o tema, um curta-metragem que mostra a 
inversão de papeis em uma realidade paralela com o objetivo de denunciar os problemas do machismo. Os comentários que vi na interwebs eram do tipo "esse é o plano dessas feministas, subjugar a machaiada", sério, preferiram enxergar assim.

Se ao menos entendêssemos que o feminismo não é o machismo dos ovários já seria um bom caminho. O feminismo combate algo que atrapalha só isso e nada mais. O discurso Bolsonariano de "ditadura de minoria" é falacioso e mostra pouco conhecimento histórico e social. Aliás, o feminismo combate e ajuda outros homens que também sofrem sendo forçados a serem o que não são. Por isso não me causa estranheza iniciativas nas redes sociais como o grupo Homens Contra o Machismo.

No planeta, a mulher além de ganhar menos ainda tem menores chances de assumir cargos de chefia, afinal se a matriz da empresa é em outra cidade qual gênero terá mais facilidade em se mudar? Qual terá menos gastos para a empresa? Qual, de acordo com o machismo, não precisa estar presente na criação dos filhos? Pensa comigo, se já não bastasse tudo isso ainda tem que receber uma flor no dia 8 de março das mãos de algum colega de trabalho que pode até tê-la assediado alguma vez. Esse ano por conta do carnaval a data provavelmente terá menor relevância do que já tem, nem sei se isso é bom ou ruim.

Infelizmente a chantagem ainda impera nas relações humanas e tem muita mulher sofrendo calada sem ter a quem recorrer. E quando buscam ajuda ainda correm o risco de serem vítimas pela segunda vez por quem deveria ajudar

Olho para uns amigos confesso que de vez em quando perco a fé na humanidade. O cara não entende que aquele grupo masculino no bilionário uatizape é a degradação. Tanto filme pornô grátis na interwebs (com atrizes e atores e não com vítimas e imbecis) mas o cara quer ver o bendito 'caiu na net'. O doente quer ver uma mulher sendo exposta pra chamá-la de piranha só porque ela faz sexo, UAU, uma mulher que transa, CREDO, "que safada ela gosta!", putz grila, para o mundo que eu vou descer. Esses caras não gostam de mulher, isso não entra na minha cabeça, caras assim gostam de outros caras, não estou falando de sexualidade. Esses manés até preferem fêmeas para o coito, cópula e penetração; mas não conseguem ter um diálogo inteligente com nenhuma delas. Esses caras dizem que respeitam mulheres casadas/acompanhadas, outra meia verdade, só respeitam o direito à propriedade privada do cara que a possui. 

Enfim, você que me lê, entenda que não devo viver mais que 100 anos, ainda mais com o sedentarismo de alto impacto que vivo, com esse pouco tempo não concebo passar pela vida sem mudar, sem experimentar, sem aprender e sem ensinar. Por isso quando me vejo abrindo os olhos para uma situação não consigo voltar ao estágio anterior de ignorância, o tempo urge e as mudanças são pra ontem. Pouco sei e pouco militei nessa questão, tenho muita coisa pra aprender e estou nessa fase de buscar e testar o maior número de informação que conseguir. Hoje o que tenho de certeza é que o problema existe.

Imagem: Tailor