Eu me lembro quando tinha ânimo para viajar para ver o Tigre jogar. Uma vez fomos até Morrinhos, assistimos o jogo todo em pé e debaixo de chuva, mas a torcida ficava firme. Lembro de minha frequência nos estádios durante as partidas do brasileiro, beirava 100%. Lembro de, por não ter tv paga, ir para um bar mesmo sem gostar para assistir partidas do Vila quando a torcida estava proibida de comparecer, lembro de ir até a sede e fazer um corredor para incentivar os jogadores na entrada para o ônibus antes de um clássico contra o rival verde. Hoje morando em Brasília fica mais difícil, porém fiquei conhecido no bar da esquina pois sou o único que pede para mudarem de canal e ver o Vila, aqui todo mundo acha que é carioca. Lembro de levar muitos amigos que nunca tinham entrado num estádio para verem o Tigrão. Lembro que muitos se apaixonavam por essa torcida louca-varrida que não para de empurrar o time. Lembro de muita coisa.
Já tem uma década mais ou menos que estão destruindo o time. Já tem muito tempo que dizem dar o sangue mas fazem da diretoria um trampolim e esquecem da razão de ser do clube. O Vila Nova não é time de prefeitura, ou esses times sazonais de empresas sei lá de onde. O Vila tem identificação com os goianienses, o Vila tem história.
Se não bastasse a corja que apodrece o Vila por dentro, passou a existir duas facções criminosas que brigam nos estádios e estão afastando o torcedor das arquibancadas. O trem tá feio.
Já tem um tempo que desejo me importar menos com futebol, parar de me iludir com essa que é maior ilusão dos brasileiros. Desde a copa de 1998 parei de acreditar em papai noel, mas escolhi continuar cego e continuar vibrando com gols. A cada dia a vibração sofre um abalo, sai uma notícia aqui outra ali e vamos perdendo o encanto. Mesmo assim ainda me iludia, queria ver uma copa. Estive na Copa das Confederações e vi tanta coisa errada que me recusei a entrar na fila de ingressos para a Copa de 2014. Além do mais estava extremamente constrangido de ver a polícia bater nos manifestantes alegando que era para eu ter uma entrada segura nos estádios, dias antes era eu que estava na rampa do congresso. A cada dia me desencanto mais.
Mas o Vila parecia intocável a essa minha crise, até que vi toda uma região, toda uma comunidade sendo esquecida pelo modelo do futebol profissional falido. A paixão que veio do meu avô, as inimigas vão dizer que foi um suborno não acreditem, corre o risco não de desaparecer mas de adormecer. Isso porque sei que mesmo se passar a odiar futebol um dia (sinceramente acho improvável) o Vila Nova ainda vai ser uma paixão pelo que seu escudo representa e pela comunidade que se une em volta do vermelho.
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