quarta-feira, 19 de março de 2014

Por que o Vila Nova faz isso comigo?

A situação é tão calamitosa do meu time que nem os amigos que sempre ligam ou mandam recado pra zoar se deram ao trabalho dessa vez, pelo contrário, vi uns rivais que lamentaram junto a situação. Destaque para o jornalista Téo José que até postou no seu blog sobre isso. O time mais vibrante do centro-oeste está na segunda divisão do campeonato goiano, inacreditável. 



Eu me lembro quando tinha ânimo para viajar para ver o Tigre jogar. Uma vez fomos até Morrinhos, assistimos o jogo todo em pé e debaixo de chuva, mas a torcida ficava firme. Lembro de minha frequência nos estádios durante as partidas do brasileiro, beirava 100%. Lembro de, por não ter tv paga, ir para um bar mesmo sem gostar para assistir partidas do Vila quando a torcida estava proibida de comparecer, lembro de ir até a sede e fazer um corredor para incentivar os jogadores na entrada para o ônibus antes de um clássico contra o rival verde. Hoje morando em Brasília fica mais difícil, porém fiquei conhecido no bar da esquina pois sou o único que pede para mudarem de canal e ver o Vila, aqui todo mundo acha que é carioca. Lembro de levar muitos amigos que nunca tinham entrado num estádio para verem o Tigrão. Lembro que muitos se apaixonavam por essa torcida louca-varrida que não para de empurrar o time. Lembro de muita coisa.

Já tem uma década mais ou menos que estão destruindo o time. Já tem muito tempo que dizem dar o sangue mas fazem da diretoria um trampolim e esquecem da razão de ser do clube. O Vila Nova não é time de prefeitura, ou esses times sazonais de empresas sei lá de onde. O Vila tem identificação com os goianienses, o Vila tem história. 

Se não bastasse a corja que apodrece o Vila por dentro, passou a existir duas facções criminosas que brigam nos estádios e estão afastando o torcedor das arquibancadas. O trem tá feio.

Já tem um tempo que desejo me importar menos com futebol, parar de me iludir com essa que é maior ilusão dos brasileiros. Desde a copa de 1998 parei de acreditar em papai noel, mas escolhi continuar cego e continuar vibrando com gols. A cada dia a vibração sofre um abalo, sai uma notícia aqui outra ali e vamos perdendo o encanto. Mesmo assim ainda me iludia, queria ver uma copa. Estive na Copa das Confederações e vi tanta coisa errada que me recusei a entrar na fila de ingressos para a Copa de 2014. Além do mais estava extremamente constrangido de ver a polícia bater nos manifestantes alegando que era para eu ter uma entrada segura nos estádios, dias antes era eu que estava na rampa do congresso. A cada dia me desencanto mais.

Mas o Vila parecia intocável a essa minha crise, até que vi toda uma região, toda uma comunidade sendo esquecida pelo modelo do futebol profissional falido. A paixão que veio do meu avô, as inimigas vão dizer que foi um suborno não acreditem, corre o risco não de desaparecer mas de adormecer. Isso porque sei que mesmo se passar a odiar futebol um dia (sinceramente acho improvável) o Vila Nova ainda vai ser uma paixão pelo que seu escudo representa e pela comunidade que se une em volta do vermelho.

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