quarta-feira, 4 de junho de 2014

Caiu a ficha!


Sou um ser escroto, ora insensível ora fingindo ser. Virei pra mulher em 2012 e disse "já que não estamos fazendo nada, bora casar?". Esse sou eu fingindo ser. A verdade é que tremi um pouco, me emocionei mas tinha certeza do que estava propondo.

De lá pra cá continuei curtindo momentos de idealização e planejamento dessa vida a dois. Essa questão de estar com alguém tempo integral me cativa muito, talvez porque eu seja um ser humano comum que gosta muito de ser amado e retribuir. Uma carência gigante que temos que até o religioso que diz ser auto-suficiente em sua fé se casa na premissa em que algo maior disse a ele que seria bom. Vendo a incoerência algumas doutrinas falam em celibato para corrigir essa conta, o que não dá muito certo também. Enfim, aceitei minha situação ou minha doença e quero me casar.

Sempre negligenciei a importância do rito de passagem, a cerimônia em si. Sempre valorizei o que viria depois. Mas hoje que faltam 2 meses apenas a ficha caiu. O mais interessante foi o motivo: o bendito e ineficiente* chá de panela ou chá bar como apelidaram. A reação das pessoas com esse evento me fez perceber um pouco melhor o significado do casamento enquanto festa. As pessoas se animam, se importam, caramba que povo mau, eu estava bem do outro jeito. Agora tudo mudou, parece que depois do matrimônio eu vou tipo morfar igual power ranger e terei poderes e responsabilidades que envolvem a paz mundial.

O chá de panela ou chá bar em meio a sua futilidade* se transformou em pré-carnaval, aquele aquecimento que você já vai de peruca e solta meia franga. Essa droga me fez levar o tal susto, o gatilho para o efeito "putz, era menor na foto". 

Resumindo, estou feliz, bastante, mas rolou aquele frio na barriga de quando você vai se apresentar, passou meses ensaiando aquela música e aquelas notas, vai ter plateia e jurados. Nesse caso mesmo sabendo que os jurados vão te aprovar e te diplomar um cantor profissional (a bosta da cadeira vai ter que girar obrigatoriamente) e mesmo sabendo que tudo vai dar certo a vida de um cantor é novidade para você. Você se preparou planejou, perdeu tempo lendo livros de gente especialista** mas nunca foi um cantor antes. "Éder, quanta bobeira!" sim, eu mesmo estava dizendo isso uns 3 dias atrás. Enfim, é isso, vou me casar.

*Trata-se de um evento caro para ganhar presente, bastaria então pegar o dinheiro gasto no evento e comprar você mesmo os presentes. Não adianta filho, eu tentei, no fim até você se empolga com a parada e quer ver todo mundo lá, é tipo um aniversário, só que você vai dividir com outra pessoa a festa, e pra piorar é o primeiro evento do gênero na sua vida. Posso ficar repetindo esse mantra do quão besta é esse chá, mas no fundo já estou gostando da ideia e feliz por ninguém ter me dado ouvidos quando propagava meu pensamento lógico.

**O que te gabarita a ser um especialista em casamentos? Ter casado várias vezes te faz um bosta no assunto e ter casado somente uma vez não te faz nada mais que um juvenil no tema. Então fica o conselho, cuidado com quem escreve livros sobre o assunto.



6 comentários:

  1. Que lindo. :)

    Mas ainda não consigo pensar fora da lógica que vc disse.

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  2. Revivi meu casamento há dois anos e meio. Foi assim, com todas essas expectativas, medos, questionamentos.
    A sua responsabilidade não é a de quem vai tomar uma decisão da qual dependerá a paz mundial, mas onde sua responsabilidade e decisões vai decidir paz na sua vida e de outra pessoa.
    Não é fácil, mas é maravilhoso.

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  3. Que lindo! Parabéns! Ri d+ com o power ranger kkkkk

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